terça-feira, 11 de setembro de 2012

#15 Texto especial..

 Oi gente!

 Vim compartilhar aqui com vocês um texto muito bacana da jornalista Karina Arruda, que vive na Suíça e escreve para a seção 'Mulheres pelo  mundo' da Revista Época.
 Esse texto me fez refletir muito sobre a experiência que estou vivendo aqui fora e, me fez ter mais certeza de que, eu tenho sim memória e o quanto eu amo o Brasil.

 Se deliciem ;) :

 "Você deve ter recebido por e-mail ou lido em algum post nas redes sociais sobre um texto que enfilera uma sequência de motivos para se orgulhar do nosso país sob o título “O que uma holandesa falou do Brasil”. O artigo apela basicamente para um patriotismo inflamado e inflamável ao utilizar argumentos frágeis e que viraram cinzas há muito tempo, tanto ao tentar mostrar que a Europa e EUA têm um povo porco, fedido e atrasado quanto no esforço de convencer que o Brasil é a 3a economia do mundo, e um exemplo de inovação, democracia e justiça. Ou seja, um factoide ingênuo e desatualizado que se soube ter sido ressuscitado, pois já circula na internet há mais de dez anos e gerou um zunzunzun entre expatriados. Caso não conheça e tenha o interesse de ler, é só procurar pelo título nos sites de busca. E se quiser realmente participar do debate, há vários blogs destrinchando cada informação e suas falácias. Por aqui a minha vontade é apenas querer aprofundar o meu amor pelo Brasil pelas razões certas, e não as inventadas para tentar me emocionar na superfície.
Quando se está fora do país é muito fácil sentir falta e se orgulhar de coisas que ficam mais evidentes quando não podemos usufruí-las. E elas passam longe do calor da economia e das conquistas dos grandes eventos esportivos, já que ainda há muito fato esperado por trás de tanta expectativa, apesar de já ajudarem a mudar a nossa imagem no exterior. O que salta aos olhos e deixa um vazio são os pormenores do cotidiano, da vida que deixamos e que poderiam caber na mala e alegrar mais os dias de quem atravessa o oceano.
No meu caso, sinto a maior saudade dos sabores do açaí e do caldo de cana, e de cantinhos na esquina que vendam sucos fresquinhos e sanduíches naturais feitos na hora. Sinto falta de água de côco gelada no côco. Sinto falta de não ter que pagar o equivalente a dez reais em um mamão papaya nem outras pequenas fortunas para comer as minhas frutas com gosto de infância. Sinto falta da picanha, da mandioca e da farofa. Sinto falta de bolos altos e fofos, de pastel, de empada e tapioca, e de pão na chapa e média escura no balcão de uma padoca. Aos domingos, já fiquei murchinha de saudade da mesa farta com sabores misturados no “junta panelas” dos almoços de família. Ah, e aqui no país do leite e queijo tô sentindo falta de requeijão e de manteiga Aviação.
Às vezes sinto falta de poder combinar algo para depois das dez da noite e não ter que voltar pra casa nesse horário. Sinto falta de boteco, petiscos e caipirinha sem vodka. Sinto falta da falta de protocolo, da flexibilidade, de conseguir comprar qualquer coisa mesmo quando falta um minuto para fecharem a porta. Sinto falta de me sentir parte o tempo todo, e não ser analisada muitas vezes com o olhar preconceituoso de uma forasteira, estrangeira, brasileira. Sinto falta de falar português e me expressar com toda a complexidade que meus pensamentos exigem e que só a minha língua permite.
Sinto falta de andar de chinelos e me vestir de cores o ano todo, e não durante apenas um terço deste tempo. Sinto falta de mais sorrisos. Não necessariamente endereçados a mim, mas também entre uns e outros. Sinto falta de conversas divertidas, de piadas maliciosas, do riso fácil entre uma bobagem e outra e de trocar ideias com interlocutores que falam com as mãos e com brilho nos olhos. Sinto falta de gente sonhadora falando com paixão sobre suas paixões, me fazendo acreditar que tudo é mesmo possível e que nada acontece em vão. Sinto falta de gente que demonstra garra e atitude para virar qualquer jogo. E sinto falta de gente que se encanta e se emociona de verdade e que chora e que se abraça com vontade.
Sinto que é muito mais fácil sentir orgulho do Brasil ao entender que o que temos de melhor não está na ascensão dos índices econômicos, nos milagres de consumo nem outros atributos que só motivam comparações voláteis com outros países e podem evaporar na iminência de qualquer crise. A natureza, a gastronomia, a diversidade, a emoção e o povo é o brazilian way of life que faz uma falta danada em qualquer continente. Aí você vai me lembrar do preço de tudo indo pra estratosfera, do trânsito, da corrupção, da falta de emprego, do salário mínimo que aumenta menos o seu, do atendimento ruim, etc. E aí eu te lembro que sou brasileira e tenho memória curta. Afinal, para o amor não acabar, tem coisas que é melhor nem lembrar."

 E acabo deixando para vocês, uma foto minha e da minha mamãe em um dos lugares mais lindos desse nosso Brasil: Serra Gaúcha.


Ai, que saudades do Brasil, que saudades de casa,
que saudades da minha mãe e da minha família.
Saudades!



 Xoxo,
 Bela.

0 comentários:

Postar um comentário